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“Na arte de viver, o homem é ao mesmo tempo o artista e o objecto da sua arte, é o escultor e o mármore, o médico e o paciente.”

Nesta citação está implícita a ideia, de que o ser humano é um ser activo em relação à vida. Ponto de vista nem sempre aceite em algumas teorias.

Por exemplo, em psicologia a teoria Behaviorista, que tira partido do Empirismo, afirma que o ser humano “nasce como uma tábua rasa”. Ou seja, não nascemos com ideias inatas. Sendo assim, é o ambiente que molda o sujeito, condicionando-o. Nós seremos não aquilo que quisermos ser mas sim o que a sociedade permitir, ou quiser que nós sejamos. Este determinismo elimina qualquer responsabilidade e liberdade do ser humano.

Por outro lado, teorias como a Evolucionista, ou a Ecologista afirmam que o ser humano nasce com uma herança genética. Isto permite que este esteja apto para absorver os “inputs” ambientais, a interagir com eles e a modifica-los. Sendo assim, acaba por existir um relacionamento dual, em que um modifica o outro e vice-versa. O ser humano é então um ser activo no seu próprio desenvolvimento, com liberdade e responsabilidade pelas suas escolhas.

Deste modo, a liberdade é uma característica essencial, se quisermos definir o sujeito como ser activo ou passivo, responsável ou não responsável em relação à vida. Sem essa liberdade, sem essa responsabilidade, jamais poderíamos ser, o artista, o escultor, ou o médico. Seriamos só objecto, mármore e paciente.

Aqui se encontra a maravilha da vida, a consciência de que a nossa liberdade passa por um assumir da nossa responsabilidade. Embora essa responsabilidade seja partilhada, pois somos frutos de uma sociedade, ela é também nossa como seres de livre escolha. Como seres de livre escolha temos também a responsabilidade pelo mundo que nos rodeia. E, é esta responsabilidade pelas escolhas que aos poucos faz com que passemos de egocêntricos a altruístas. Apercebemo-nos que não podemos sair impunes pelo mal que cometemos. Tornamo-nos aptos a medir as consequências dos nossos actos. E moldamo-nos em direcção à perfeição e rectidão sabendo quais as acções melhores para atingir os valores universais e intrínsecos de cada sujeito.

Concluindo, será que é a isto que se pode chamar de ética? Porque se for, então a definição de ética como arte de viver é a mais correcta, porque tal como a arte é um caminho para o belo, a ética é um caminho para a escolha justa.