O meu humor flutua ao sabor do
tempo.
Não percebo. Não sou eu que o
domino. Não. Sou apenas um mero espectador sem forças para me impor.
Se o sol aparece sou
pateticamente feliz. Se as nuvens se insinuam sou estupidamente triste.
Nem adianta lutar. Tentar
impingir-me a mim mesmo alegria em céu negro e escuridão em céu aberto.
Não me governam os Deuses, ou o
tolo do destino (porque não acredito em nenhum deles). Mas a madrasta da
natureza domina-me. E hoje, passou o dia todo a ameaçar-me. A prometer que me
daria uma porrada de chuva.
Podia cair o Carmo e a Trindade,
chover sapos, bolas de gelo, meteoros, podia chover a cântaros, grossas gotas,
encher tudo, molhar tuto, arrastar toda a depressão pelo esgoto abaixo.
Mas não. Nem chove nem deixa
chover.
E eu aqui, com vontade da molha,
da água a escorrer-me pelos cabelos, da nostalgia, do enredo, do som, do movimento,
da frescura da sua cura, de ir lá fora ser lavado por dentro.
Mas hoje, o dia não esteve para
ai virado. E tem andado a enconar durante meses.
Quando fica assim, eu fico como
ele, sou como ele, o limiar entre o ser e o não-ser, a margem de mim, a seca.
Ele brinca com os meus
sentimentos, enubla o meu pensamento, frusta todas as minhas tentativas de ser
bem, alegre, solarengo, calorento, radiante, esperançoso, confiante.
E fico assim, parado, cinzento… Uma
puta de merda de tempo…