Sete e meia da manhã.
Porra porra porra porra! Vá lá por favor vá
lá por favor!
Novamente durmo mal outra vez novamente.
Doí-me o lóbulo frontal corrói-se-me o
estomacal ventre.
Não estou descansado e nada me deixa descansar.
Alguém, algo, alguma coisa, faça-me parar.
Mas porque porra quando durmo, me vem sempre
à cabeça, não a Vida mas o dia-a-dia?
Porque a Vida é algo muito mais lato, metafisico,
abstracto.
O outro é porqu’é simples, e baseia-se no
prático.
No entanto, já não sei o que penso, ou o que
devia pensar, e confundo-me em sentimentos sobre o que devia raciocinar.
Revoluteio-me, na cama, constantemente me maço,
com a almofada.
Entra o sol
no meu quarto, destapando as cores que se escondem, e olho para o meu pálido lençol,
atentamente, divagando em nada.
Na sua
brancura observo um ponto, um ponto que aos poucos se insinua.
Parece-me
mexer-se…
Foco-me,
nele, e tento entender o que é. O que era suposto não estar cá lá, mas está…
Exalto-me de
nojenta repulsa. Uma larva de mosca, gorda, castanha, asquerosa, arrasta-se
como uma víscera atrofiada, enroscando-se nas suas espirais.
Meu sistema
digestivo contrai-se numa dor enjoativa.
Percepciono
um ligeiro formigueiro nas pernas.
Entro em
pânico por imaginar o que significará e descubro-mo instantaneamente.
Confusão!,
medo!, sufoco!
Compelem-se
larvas pela minha pele, mexem-se em buracos na carne dos meus pés, nas minhas
coxas, no abdómen, no peito.
Comem-me...
Aceleram,
lentamente, a minha putrefacção.
Acordo com um espasmo.
Doí-me o estômago…
Doí-me a cabeça….
Em manhã cedo,
Ainda cansado…