Escorre a
saliva pelo queixo.
Bate-lhe a fome no estômago.
Dentes amarelos, castanhos, verdes, bafo a vermes.
Guincha
naquele espaço, naquele cubículo, meio metro quadrado.
Preso, encurralado.
Quer matar,
quer comer, quer foder,
Quer, só por querer…
Sentir a vida do outro a escoar, o orgulho a se esvair, o medo, a morte a subir.
Grunhido
após grunhido esporra,
Enche de seiva
a masmorra.
Bate, cabeceia, esmurra, planeia.
Naquele
espaço sonha baixo, o dia da ceifa.
O mundo move-se, gira constantemente, agitadamente, ignorantemente.
Esquece-se, mente-se,
“Nada aberra, no oculto da serra”.
Mas os locais sabem, tremem, rezam, esperam, calam, desesperam.
Protegem-se com o sangue do cordeiro.
Mas nada pára os guinchos do bezerro.
Nas árvores se arrastam, nas casas penetram, as almas almejam.
Fujam,
Os muros estão a ficar gastos.
Matem,
Aclamem a cólera tingida.
Seus braços retorcidos esgadelham as costas, com arranhares repetitivos.
Crava as unhas na pele grossa, chagas putrefactas, espasmos estereotipados,
Olhos
revirados.
mais e mais
fome
Por isso, matem por ele, dilacerem por ele, cortem por ele.
Alimentem os
Eus, o Complexo Monstro premente,
Que geme na serra
da nossa mente.