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Sempre a mesma dúvida. Liberdade?

Sempre a mesma dúvida, serei livre ou não? Serei eu dono das minhas escolhas? É a liberdade real ou não?

Há tantas teorias que nem sei por onde começar, desisto antes de tentar. Esta dúvida começou quando na igreja nos apresentavam o Deus omnipresente, omnisciente, que ouve as nossas preces e nos ajuda em tudo na vida. Ele rodeia-nos e envolve-nos, estando sempre presente em todo o nosso caminho. Ele é o início e o fim, Ele conhece o início e o fim. Sendo assim, o destino está traçado ou não? Se está, é obvio que não somos livres. E se não está traçado?

Neste caso, se Deus é um ser interveniente nas nossas vidas é lógico que também não somos livres. Daqui surge a pergunta se Deus é interveniente porquê tanto sofrimento? E a esta questão respondemos com a liberdade. O Ser que nos criou tornou-nos livres, o sofrimento surge da forma errónea de como usufruímos dessa liberdade. Deus não pode intervir, pois assim a liberdade passaria a ser parcial, ou seja, não liberdade, e não total como Ele implementou.

Sei que estes argumentos são um bocado rascas, pois podem ser perfeitamente rebatidos com a analogia de “Deus-Pai”. Isto quer dizer que como filhos temos uma liberdade limitada, e Ele como Pai intervém quando necessário. Mesmo assim, penso que a sua intervenção como pai é um pouco negligente (como qualquer filho que se preze penso assim). Por outro lado, liberdade limitada é sinónimo de nenhuma liberdade, pois eu aqui refiro-me à liberdade num sentido universal e total.

À parte disto, voltando ao assunto da intervenção ou não intervenção divina associada à liberdade, mesmo que Deus não intervenha a nossa liberdade continua a ser uma ilusão, pelo facto dele conhecer o início e o fim (o alfa e o ómega). Talvez a liberdade só seja real se a Sua omnisciência e omnipresença não existirem, junto com a sua não intervenção, ou levando ao extremo, se Ele não existir.

E, chegando a este patamar, outra questão surge. Seremos mesmo livres só pelo simples facto de Deus não existir? Esta é a minha pertinente pergunta, pois mesmo negando a existência de Deus não faz com que eu me sinta livre. Sinto que todas as minhas acções, desejos, pensamentos, são influenciados pelo meio; pelas necessidades básicas; pela cultura; por aquilo que sou e por aquilo que quero ser. Refutar isto afirmando que posso negar as necessidades e evitar a influência do ambiente, é criar mais uma ilusão de que sou livre. Isto porque, a negação é influência do que quero negar.

O que é a liberdade? Onde está a liberdade? Apesar de tudo, não gosto (como defesa do self, obviamente) de afirmar que a liberdade é uma ilusão. Também não afirmo que seja uma utopia. Digamos que é mais um ideal. Sendo assim é atingível. E penso, apesar de todo o emaranhado de influências que me empurram e puxam, eu posso aos poucos escolher quem me puxa e quem me empurra. Com uma liberdade limitada apenas à escolha, eu construo-me aos poucos em direcção à Liberdade.

Sim, gosto de pensar assim.