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Às vezes experimento ser adulto.
Arrependo-me sempre!
De todas as falhas, as que mais me angustiam são as que cometerei.

Transe


como um transe inesperado pontos e virgulas traços quebras elaboradas rodam palavras falsas caem por de entre espaços interiores a pressa insurge-se nos objectos visão dupla fora dentro amém repete a assembleia mulheres virgens homens de pénis em sangue de olhos arregalados brancos revirados unem todas as cores em negros substratos nada se entende tudo é vago artomorfofacto arde-se de desprazer flácido querer em linha continua do nada para o nada de errado a morte é um bom presságio

Profundo


É tão subjectivo como o Ser ser-se.
Porque aquilo que se é
Apenas ao que se é diz respeito.
A profundidade é fútil
Perante a efemeridade da vida
A superficialidade é alavanca.
Tudo o que digo é tão básico que nem vale a pena ser lido.
São apenas pensamentos regurgitados a tentar ser algo.
Tento chegar a uma meta, fica tudo por metade incompleto.
O que eu quero dizer é que a superficialidade de ideias, sentimentos e razões não existe. Apenas existe nas coisas materiais para distinção de espaços, não nas coisas imateriais. Essas serão sempre profundas, porque fazem parte do Ser.
Não porque o Ser seja sempre insondável, mas porque o Ser deverá ser sempre inestimável.
Por isso, a maior das superficialidades terá em si a mais insondável das profundidades, cheia de signos polissémicos.
Tudo depende dos olhos de quem nos lê.

Rascunhos


leva-me contigo
para lá deste muro e
enche-me de palavras ocas
para eu preenchê-las de amor

onde moras?
onde é a tua morada?
faz de mim a tua casa

deus não existe
o amor não é eterno
por isso amemo-nos enquanto ainda é tempo

que sejas a palavra certa
no meu mundo de rascunhos