Arrependo-me sempre!
Transe
como um transe inesperado pontos e virgulas traços quebras elaboradas rodam palavras falsas caem por de entre espaços interiores a pressa insurge-se nos objectos visão dupla fora dentro amém repete a assembleia mulheres virgens homens de pénis em sangue de olhos arregalados brancos revirados unem todas as cores em negros substratos nada se entende tudo é vago artomorfofacto arde-se de desprazer flácido querer em linha continua do nada para o nada de errado a morte é um bom presságio
Profundo
É tão subjectivo como o Ser ser-se.
Porque aquilo que se é
Apenas ao que se é diz respeito.
A profundidade é fútil
Perante a efemeridade da vida
A superficialidade é alavanca.
…
Tudo o que digo é tão básico que nem vale a pena ser lido.
São apenas pensamentos regurgitados a tentar ser algo.
Tento chegar a uma meta, fica tudo por metade incompleto.
…
O que eu quero dizer é que a superficialidade de ideias, sentimentos e
razões não existe. Apenas existe nas coisas materiais para distinção de
espaços, não nas coisas imateriais. Essas serão sempre profundas, porque fazem
parte do Ser.
Não porque o Ser seja sempre insondável, mas porque o Ser deverá ser
sempre inestimável.
Por isso, a maior das superficialidades terá em si a mais insondável das
profundidades, cheia de signos polissémicos.
…
Tudo depende dos olhos de quem nos lê.
Rascunhos
leva-me contigo
para lá
deste muro e
enche-me de
palavras ocas
para eu preenchê-las
de amor
onde moras?
onde é a tua
morada?
faz de mim a
tua casa
deus não
existe
o amor não é
eterno
por isso amemo-nos
enquanto ainda é tempo
que sejas a
palavra certa
no meu mundo
de rascunhos
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