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Mariposa beija-flor


A luz do sol colide com as ramagens e folhas daquela floresta.
A quem a olha, pelo seu interior, parece que a claridade surge por vitrais verdes de uma catedral. A basílica da natureza glorifica o dia e guarda no seu interior, como num sacrário da virtude, uma amarela casa apalaçada.
A sua arquitetura senhorial e nobre, com as suas paredes amarelas e arcadas redondas, não destoa da natureza vítrea e verde que a cerca. Complementa-a, dando-lhe uma suavidade edílica que nos remete para os sonhos e fantasias principescas.
Neste lugar, o silêncio perpetua-se na brisa lenta e algo se move.
Uma visão, um espectro claro, um ser sem cor, colorido e abstrato. Vagueia vagamente por entre os sombreiros, deslizando pelos troncos, deslizando pelo chão de terra como se voasse.
Pára diante de um dos muros do palacete e escuta, espreita por uma das suas janelas de vidros losangulares. Olha para uma sala ampla, moderna e minimalista. Tons castanhos a preenchem. Parece sossegada; calma; confortável; acolhedora. Deitado no sofá comprido descansa alguém. Um homem dorme profundamente, de dorso para cima.
O ser entra. Imiscuísse por entre a parede, como uma presença incorpórea e imaterial. Paira sobre a sala aproximando-se do sofá e olha para o homem, como se flutuasse sobre ele. Observa-o…
Parece-lhe belo, jovem, robusto, mas sem um aspeto bruto. É loiro, cabelo curto e barba cerrada. A sua respiração é lenta e os seus olhos estão fechados, pálpebras pousadas. A única coisa que o homem tem vestida é uma t-shirt e umas cuecas, repousando com as mãos por cima do tronco.
Pelas divisões o ser pressente outra presença e afasta-se do homem. Ele está a dormir, absorto em sonhos, não é um incómodo.
Paira até à entrada de um corredor e observa, aguarda. Este é todo envolto em madeira, castanho-escuro, envernizada, e o seu fundo abre para uma divisão clara, branca, preenchida de névoa e vapor, orvalho quente e sedutor.
Ele sabe, ele sabe, ali aguarda e espera a sua ansia.
Deixa para trás a floresta, deixa para trás a casa apalaçada, deixa para trás o homem. É como se não existissem mais, não existem mais. E entra para a claridade daquela divisão.
É uma sauna interior. Rodeada de vidros a todo o comprimento e altura, o sol atravessa-os aquecendo o ar. Uma larga piscina azul reflete de celeste as paredes e a água ondula ondulando sombras claras pelas paredes. Ao fundo da piscina há uma divisão oculta por umas portas vítreas baças. O ser ouve um chuveiro a correr. Por detrás das vidraças foscas vê a sombra banhada de um corpo feminino firme e carnudo.
A mulher pára de tomar balho, abre a porta corrediça e sai para a piscina.
Seu corpo é esguio, magro mas roliço, em tons morenos. Seu aspeto egípcio e sua vagina gorda e volumada.
Olha para o ser mas não se surpreende. Talvez um pouco espantada, incrédula, excitada. Sorri.
Age como se ele não estivesse ali, como se não existisse, como se fosse o espectro e fantasma que é. Desce as escadas em direção à piscina e entra nas suas águas. Passeia o seu corpo nu e a sua vulva cheia.
O ser observa-a em expectativa. Ansias de saliva lhe sobem à língua. A excitação toma conta da sua mente e do seu ventre.
Aproxima-se dela e abraça-a. Roça-se nas suas pernas, nas suas ancas. Atrofia-se em respirações descompassadas. E ela gosta, quer, puxa por ele em abafos.
O ser não aguenta mais e abre as pernas, abre a púbis. E o seu pénis, fino e enrolado, como o bico de uma Mariposa beija-flor, desenrola-se em ereção. Entra na vagina carnuda da mulher e incha de sangue, aumentando de volume, preenchendo-a de prazer.
Ah, como ela ama, como ela gosta! Exulta de deleite! Arqueia-se para trás e alça os seus mamilos morenos e duros.
O ser apalpa-lhe as tetas, apalpa-lhe as tetas. Incha, incha o pénis inchado e vem-se num jato roçado…

A mulher repousa, descansa satisfeita. O pénis desincha lentamente e enrola-se para a púbis do ser.
Ele, mais calmo na sua ansia, não tem mais nada a fazer ali. Atravessa as paredes e vagueia, para sonhos e fantasias de outras paragens.

Uma mulher ruiva, de casaco vermelho, a comer morangos, estava hoje à minha frente no metro.

Mas que regalo!

Apanhar merda e políticos


Hoje, o Senhor ao qual alugo um dos quartos da minha casa cagou-se à minha frente.

Não, não estou a falar de peidos. Borrou-se irremediavelmente todo. E eu, que até gosto de fazer piadas fecais, não achei piada nenhuma à situação. Primeiro, porque o homem está de cadeira de rodas, logo, a sua capacidade para chegar ao chão para apanhar a merda é nula. Já se vê que vai sobrar para mim. Segundo, porque aquela merda cheirava MESMO a merda.

Então pronto, depois do Senhor se ter desculpado, ter praguejado contra o leite de cereais com chocolate e ter ido para a casa de banho se lavar, eu respirei fundo (uma quantidade de vezes), cortei cartão e fui recolher a borradela.

Tal como vocês estão a imaginar e a sentir, foi angustiantemente nauseabundo, preenchido de ouras estomacais. Mas, como já passei por situações semelhantes, aguentei os escrúpulos e lá fui expurgando os meus pecados, recolhendo merda com cartão. Deitei tudo para o saco do lixo e passei a esfregona com lixívia no fim.

Hércules teve que fazer as doze tarefas, mas ele era um gajo com uma força bruta, filho de Zeus. Há outros (eu), filhos de homens e sem estômago de Hércules, que têm a tarefa de apanhar merda mal cheirosa.

Hoje fui eu a limpar a merda de um, amanha serão outros a limpar a minha!

Assim que terminei, peguei no meu casaco, na minha mochila, no saco do lixo que continha a merda, e parti para as minhas tarefas menos fecais do dia.

A verdade é que apesar de não gostar da tarefa que me foi incutida pelo oráculo dos intestinos do homem, esta deu-me que pensar. Deu-me para pensar que às vezes é preciso limpar uma boa borradela para acordar momentaneamente para a vida.

Neste dia-a-dia, em que o dia flui insonso, em que as dores que nos assolam são feitas apenas de ilusões, faz-nos bem apanhar um estalo do cheiro palpável da realidade.

(Talvez o que faça falta aos políticos portugueses é ter que apanhar alguma borradela de vez em quando).

Gladiadores do altar

Pessoal! Finalmente a resposta à jihad islâmica está aqui. Renasceram as novas cruzadas para conquistar Jerusalém. Ah, mas antes, e como fica a caminho, há que converter todos aqueles ateus europeus (cortando os péscócinhos a quem não se converter).
Irmãos! Cóméçárémos por Portugau!

Ora, falando de coisas sérias e comentando sobre uma fé que conheço, mas da qual já não partilho! Nos meus tempos de fanático cristão também ouvia coisas do género: 'a palavra de deus é espada', 'que a tua alma seja escudo através de deus', 'vós sois exército de deus'. Sim! Cheguei mesmo a ouvir isto!
Hoje em dia (na mundividência actual), e à luz do cristianismo/novo testamento, a mensagem evangelizadora transmitida é de AMOR. Por isso, qualquer metáfora, comparação e alegoria que misture religião com armas, exércitos e militarismo é completamente descabida.
Eu, que já não possuo fé nenhuma, acredito que é preciso ter-se mesmo muito pouca fé para ter que reforça-la com metáforas deste tipo